Hoje minha sobrinha mais nova faz 1 aninho (na verdade é amanhã, mas a festa é hoje). Vai ser a coisinha mais fofa do mundo vestida de Uniqua. Quem tem filho ou sobrinho pequenos, como no meu caso, deve saber o que é uma Uniqua. Pra quem não sabe, vou inteirá-los do assunto.
Uniqua é uma personagem do desenho animado Backyardigans, a febre do momento entre os pequenos, que tem como amiguinhos um pinguim azul, um hipopótamo amarelo, um alce laranja e um canguru roxo.
A Uniqua é um animal da espécie uniqua (que raio é isso???), é cor-de-rosa, tem duas antenas que são enroladas na ponta e possui bolas pink estampadas pelo corpo. Seria assustador se existisse um animal de verdade desse jeito (aliás, se existissem os outros personagens na forma "mutante colorido" do jeito que eles são também seria), mas acho que só assustaria os adultos, porque afinal de contas as crianças gostam...
Mas do que as crianças gostam mesmo é de festinha no buffet infantil (não são nada bobos, até eu adoro aquela comilança toda!). E cada festinha dessa tem sempre um comentário à parte para ser feito, pois é cada bizarrice que acontece que parece inacreditável.
A começar pelo preço do buffet. Antigamente, uma festinha de criança era feita em casa, a um custo mínimo, e tinha pão com carne louca ou salsicha, tubaína (ou coca-cola, para os mais ricos), pipoca, brigadeiro, bolo e tava muito bom.
Hoje, qualquer festinha infantil de classe média tem que ser no buffet, onde gasta-se uma pequena fortuna para servirem pão com carne louca ou salsicha, coca-cola, pipoca, brigadeiro e bolo. (?!?)
Mas o que encarece mesmo é a superprodução da festa. Uns brinquedos eletrônicos de última geração, roda gigante, os chamados "brinquedões" (um emaranhado de redes com tubos e piscina de bolinhas onde ficam milhares de crianças amontoadas e enroscadas sem conseguir sair), barco viking, la bamba (é, você contrata o seu próprio Playcenter!), além de outras bugigangas.
As crianças adoram essa parafernália toda, mas o mais curioso é que o que a gente percebe mesmo são os olhinhos pidões dos adultos que não tinham nada disso na infância. E é claro que depois de uma ou duas doses de whisky o fulano já não se aguenta mais e tá lá emaranhado com as crianças no brinquedão. Ou, no caso dos mais tímidos, acabam "adotando" uma criança qualquer pra cuidar no brinquedo apenas para ter a desculpa de mergulhar na piscina de bolinhas.
Além do playground, a decoração é outro item importante, porém é cobrado a parte. Aquela mesa cheia de Barbies girando num pedestal vestidas de Cinderela, Pequena Sereia, Bela e afins é a mais baratinha. Também é a mais tosca, convenhamos.
Mas existem algumas decorações que são verdadeiras obras de arte, com personagens que fazem movimentos reais (outra atração do Playcenter particular, tipo um Show dos Ursos), em suas roupas lindíssimas e fidelíssimas ao personagem original, num cenário cuidadosamente elaborado em papel machê por algum talentoso artista plástico. Essa decoração vai custar 70% da festa, e ai de você se alguma criança estragar alguma coisa: vá se preparando para vender o carro para pagar o prejuízo...
Existe também a opção de contratação dos personagens "de verdade". Algum universitário desempregado, pra ganhar um troco no final de semana, se dispõe a vestir a fantasia dos personagens e divertir as crianças.
Esse momento é o mais engraçado de todos! Todos os adultos, com os olhinhos brilhando, no maior rebuliço: "Olha, o Buzz Lightyear está chegando!" ou então "Os Teletubbies estão aqui!" pra tentar animar a criançada pouco interessada que quer mais é ficar empilhada no brinquedão.
Após todo esse furor, as crianças se amontoam para ver a entrada da "grande surpresa" da festa. De repente entra um Buzz Lightyear deformado, com os olhos tortos, a cabeça amassada de um lado, com um infeliz lá dentro (suando como um porco) fazendo o maior esforço para equilibrar aquele cabeção desajeitado num pobre corpinho magrelo de universitário. Os pais ficam na maior alegria e vibração, enquanto quase todas as crianças já estão chorando de medo daquele Buzz horroroso que mais parece o Slot do filme dos Goonies. As crianças que não estão chorando (normalmente as maiorzinhas) já encheram o Buzz de pancadas e até degolaram o coitado, com um soco na cabeça postiça que sai rolando salão afora, assustando o resto das crianças que ainda não tinha chorado com a "surpresa".
Em seguida vem o parabéns. Ah, o parabéns, que na minha infância era o tradicional "Parabéns pra você" e no máximo tinha aquelas piadinhas de mau gosto "é pica, é rola" que todo mundo conhece e o "com quem será que o fulano vai casar", hoje tá mais pra um musical da Broadway!
A princesa entra numa carruagem, ou o super herói na nave espacial, vem a voz do além do locutor fazendo a narrativa da história da vida da criança, slides superproduzidos em powerpoint, trilha sonora especial de fundo, um espetáculo! Vou confessar que é lindo e emocionante (como sempre, os olhinhos dos adultos brilham e lacrimejam por nunca terem tido isso), mas a criançada toda e o aniversariante, aos quais a festa é destinada, não estão dando a mínima e não vêem a hora de acabar logo para atacarem ou o brinquedão de novo ou o brigadeiro.
Depois disso tudo, a festa chegando ao final, sempre sobra uma criança perdida no meio da piscina de bolinhas que ninguém sabe quem é a mãe, todas as crianças ou estão pretas (de sujeira) ou verdes (também pudera, 17 sanduíches, 32 brigadeiros, 6 copos de coca-cola e barco viking não combinam muito) e o som ambiente vira aquele coro de crianças num chororô danado porque ninguém quer ir embora.
Mas apesar de todo esse circo, o que vale mesmo é que no final das contas todo mundo se diverte, os pais ficam felizes de verem seus filhos felizes e todos voltam para casa alegres e satisfeitos sem ter que limpar a sujeira depois.
E a partir do dia seguinte é começar a economizar, porque dali a menos de um ano tem tudo de novo...
Para minha princesinha Malu, um beijo enorme da tia Mi que te ama demais. Feliz Aniversário!!!
Música do dia, em sua homenagem: Dig Dig Joy, que ela adora! (Sandy e Junior)