Ser mãe, o sonho de toda mulher!
Quantas vezes já ouvimos essa frase? E tenho que admitir que se pensarmos estatisticamente ela pode ser considerada bem verdadeira, já que realmente atinge a grande maioria das mulheres. Mas e as exceções? É exatamente sobre elas que vou falar.
Todo mundo vive falando de preconceito. Que os negros são as maiores vítimas de preconceito, que os gays são as maiores vítimas de preconceito. Um ateu que eu conheço (que na minha opinião não é ateu coisa nenhuma, e eu já falei isso pra ele) diz que o maior preconceito que existe é contra os ateus. Tudo balela!!! O maior preconceito que existe é em relação a uma mulher que diz que não gostaria de ser mãe.
Eu sou uma delas. E percebo a cara que as pessoas me olham quando eu digo isso, que não pretendo ser mãe.
Quando falo a esse respeito me olham como se eu fosse um monstro, uma pessoa malvada e ruim, desumana e insensível, aquela que detesta criança. E posso afirmar com absoluta certeza e com todas as letras que não sou nada disso.
Adoro crianças! Tenho um monte de sobrinhos de diversas idades, de bebê a adulto, e me divirto demais com todos eles, morro de saudades, adoro a companhia deles, brinco, cuido, faço carinho, cafuné, massagem, milhões de beijos, dou minhas coisas pra fuçarem, dou atenção e amor, ensino coisas, assisto desenho junto, tudo o que temos direito, e amo muito tudo isso! Com certeza não é por não gostar de crianças que não quero ser mãe.
Insensível? Quem me conhece de verdade sabe exatamente como eu sou. Posso às vezes ser casca grossa, principalmente quando estou irritada, mas isso acontece exatamente por ser sensível demais a todo tipo de emoção. Tenho um lado emocional muito intenso, todos os meus sentimentos estão sempre à flor da pele, sejam de amor, de raiva, de paixão, de tristeza, de dó, de alegria, de carinho e de amizade, é tudo sempre intenso e para mim é realmente difícil disfarçar qual o sentimento está me dominando no momento, tanto que todo mundo percebe só de olhar no meu rosto. Portanto, não é por ser insensível que não quero ser mãe.
Vou explicar meus porquês, e são apenas dois os motivos pelos quais não tenho intenção de ser mãe.
Em primeiro lugar porque acredito que assim como qualquer outra coisa que se queira fazer bem feita na vida, é necessária a vocação para tal. E eu sinceramente acredito que não tenho. Como tia acho que consigo cumprir bem a função, mas tia é como uma mãe que tirou férias, é diferente. Sou muito atrapalhada, estabanada e dorminhoca, três adjetivos que em nada combinam com a arte de ser mãe (sim, pois na minha opinião é uma arte, e precisa ter muito talento para desempenhá-la bem). Dizem que depois que você tem filho esses adjetivos desaparecem, mas prefiro não arriscar ser uma péssima mãe para uma inocente criancinha a tentar provar que a teoria funciona na prática, usando o meu bebê como cobaia...
Em segundo lugar porque acho que o mundo tá indo de mal a pior, muita maldade e muita mentira, chegando quase no ponto de "proibido para menores", se é que me entendem...
São dois simples motivos que tenho na minha consciência para não querer ter filhos. Pouco me importa se concordam ou não com os meus porquês, mas eu ficaria satisfeita apenas pelo fato de não ser julgada mal pela minha opção, isso honestamente não faz de mim mais ou menos mulher, nem uma mulher melhor ou pior.
Mesmo porque o que realmente importa é que admiro muito todas as mulheres que se dedicam a ser mães: é o ato de amor e de doação mais lindo que existe, a gestação é definida como algo maravilhoso e gratificante (pergunte a qualquer mulher que é mãe que ela responderá isso) e é imprescindível que continuem existindo essas maravilhosas mulheres heroínas com vocação materna para gerarem e criarem seres humanos inteligentes, talentosos e magníficos que saibam coexistir em paz e amor uns com os outros, respeitando os animais e a Natureza para, quem sabe, termos um futuro melhor para as pessoas e para o planeta.
Mas e se eu for uma dessas maravilhosas mulheres heroínas com vocação materna e estou achando que não sou?
Só Deus sabe isso. E se esse for o meu destino algum dia eu mudo de idéia...
Quero dedicar esse post às queridas amigas Karina (a mais nova supermãe), Cris Tomi e Tita Márcia (as futuras supermães). Adoro vocês, parabéns pelos bebês!!!
Música do dia: O meu guri (Chico Buarque). Retrata bem o amor cego e incondicional de uma mãe pelo seu rebento...