4 de julho de 2008

Protestando de novo...

Não sei se ultimamente ando muito filosófica, se ando meio revoltada ou se as coisas é que estão indo todas na contramão do bom senso aqui na terra tupiniquim. Ou talvez seja tudo ao mesmo tempo, sei lá. A questão é que estou eu aqui protestando de novo...

Essa semana, a Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado aprovou o PL 546/2007 que reserva metade das vagas das instituições federais de educação profissional e tecnológica e das universidades a estudantes que tenham cursado todo o ensino fundamental em escola pública. Dentro dessa reserva de vagas, o projeto prevê cotas para alunos negros, pardos e índios em proporção igual à composição da população na unidade da federação em que a instituição estiver localizada.

Assim sendo, 50% das vagas em universidades públicas será destinada a pessoas que estudaram em escolas públicas, teoricamente com o intuito de diminuir as diferenças sociais e dar mais oportunidades aos estudantes com menor renda, já que os estudantes de escolas públicas normalmente pertencem às classes sociais menos abastadas.
Só podia ser mais uma idéia do governo Lula mesmo, algo assim tão estúpido!

É lógico que todo mundo tem direito de ter as mesmas oportunidades, independentemente da classe social, já que existem pessoas esforçadas, babacas, inteligentes, estúpidas, geniais ou preguiçosas em qualquer nível social ou racial existente, do milionário ao miserável, sejam estes brancos, negros ou pardos.

Mas o foco da questão é a forma como essas oportunidades devem ser oferecidas, e com certeza "dando" vagas na faculdade é o pior caminho. É na verdade a "maquiagem" que esse governinho ridículo tem o hábito de fazer para ludibriar os mais humildes, mas que qualquer um que tenha um pouquinho mais de acesso à informação percebe rapidinho que não passa de puro golpe populista (outro, diga-se de passagem, dentre tantos que já foram dados...)

É só pensar na seguinte questão: o futuro está nas mãos do jovem (um clichêzinho político bem básico, mas funciona na prática pra exemplificar).

Mas o que essa frase quer dizer? Que daqui a 10 anos, os profissionais da saúde, da tecnologia, da informática, da ciência, da educação, das artes e de qualquer outra área que se pensar são os jovens universitários de hoje. E a qualidade do serviço, a evolução científica, tecnológica e econômica do país estará diretamente ligada à capacidade e ao desenvolvimento profissional desses mesmos jovens.

Pois bem, pegue agora um adolescente que estudou em escola pública: este se forma no colegial mal sabendo ler e escrever devido à qualidade com que este é ministrado por professores mal pagos e desmotivados.
Porque o governo não se preocupa em melhorar a qualidade de ensino, em melhorar o salário dos professores e oferecer incentivos a esses, o que seria de verdade uma solução para a tal desigualdade de oportunidades entre as classes sociais, reduzindo a disparidade entre a escola pública e a particular?

Com isso esse governo não está nem aí, afinal de contas, pra quê educar de verdade e ensinar o indivíduo a pensar?
Se isso for feito como eles conseguirão se reeleger às custas dos contos de fadas que eles criam a todo momento pra iludir os mais humildes?

É bem melhor criar o projeto de lei "da carochinha" como a solução para todos os problemas sociais e do ensino público: dê pra esse adolescente semi-analfabeto uma vaga numa universidade pública gratuita, e depois assinale a alternativa correta:

1) Não vai valorizar pois conseguiu fácil demais
2) Não vai conseguir acompanhar porque não tem a bagagem curricular necessária para estar numa universidade considerada forte, como são as universidades públicas
3) Já que não teve que se esforçar até agora, vai continuar no mesmo ritmo, vai se formar nas coxas só pra ter o diploma e vai ser mais um profissional de merda no mercado de trabalho.

Já tô ouvindo os gritos de protesto: Então você quer dizer que todo mundo que é mais humilde, que estudou em escola pública, é vagabundo e burro, e que não merece a oportunidade de estudar numa universidade pública gratuita?

Óbvio que não é isso!!!

Não vou me prolongar mais no assunto pois estou sinceramente revoltada com tanta palhaçada, uma pior que a outra, acontecendo a cada dia. Só vou concluir com essa frase:

SE UM INDIVÍDUO, TENHA ELE ESTUDADO EM ESCOLA PÚBLICA OU PARTICULAR, SEJA ELE RICO, POBRE, NEGRO, PARDO OU ÍNDIO, MAS SEJA CAPAZ, ESFORÇADO E QUEIRA EVOLUIR NA VIDA E SER UM BOM PROFISSIONAL, ELE NÃO PRECISA GANHAR VAGA NA FACULDADE PÚBLICA, ELE CONSEGUE POR MÉRITO PRÓPRIO!

Simples assim.

E pra certificar qualquer um de que minha afirmação é a mais pura verdade, deixo um ótimo exemplo que tenho dentro de casa, de alguém que, tendo estudado em escola pública a vida inteira e praticamente se criado sozinho, conseguiu se formar em nível superior público com mérito através do esforço e determinação próprios, e assim conseguiu "livrar" os 6 filhos das escolas públicas, pagando os estudos deles: meu pai.

Só pra calar a boca de qualquer um que ainda tenha alguma objeção de que quem realmente quer consegue. E tenho dito!
Música do dia: Que país é esse? (Legião Urbana)

2 comentários:

Sayuri disse...

Acredito que a cota para cidadãos que estudaram em escola pública a maior parte do tempo escolar não seja injusta, pois todos sabemos que o ensino nessas escolas é muito fraco, apesar do fácil acesso às bibliotecas públicas (que, inclusive, estão com os dias contados por FALTA de freqüência). Quanto às cotas para negros, pardos e índios, não tenho nada a dizer além de que isso seja um atestado de inferioridade. Fica parecendo que o indivíduo seja mais burro ou menos desprovido de inteligência do que os outros só porque é negro, índio, pardo ou descedente dessas raças.
Num país onde a miscigenação racial impera, é incrível e desesperador admitir, mas estamos submetidos ao egoísmo e à visão "cabresteada" de nosso povo e governantes.

Milene Reis disse...

Sayuri
Totalmente pertinente seu comentário sobre o "atestado de inferioridade", já que se pensarmos em cotas para possíveis diferenças raciais porque excluem os orientais dessa? Será que esses não precisam por serem mais inteligentes (segundo esse parâmetro de raciocínio)?
Essa divisão por cotas acaba sendo a maior manifestação explícita de preconceito racial, já que a busca da igualdade por meio da segregação, no meu ponto de vista, é uma coisa impossível de se obter.
Bjo