1 de junho de 2008

Os perigos da infância

Estava eu pensando e fiquei realmente surpresa pelo fato de ter sobrevivido à minha infância. Aliás, todos os adultos que tiveram sua infância lá pelo início dos anos 80, como podem ainda estar vivos e com saúde?

Resolvi escrever a respeito disso por causa de uma frase que meu irmão soltou numa brincadeira ontem aqui em casa: "Tomar dois yakults por dia mata".

Como aquele leitinho fermentado com um pouco de açúcar e lactobacilos vivos pode ser tão perigoso? Seriam esses lactobacilos uma arma biológica, algo similar à bactéria do antrax para provocarem a morte?
Nada disso... Na verdade, essa história de que tomar dois yakults por dia mata foi a minha mãe que inventou para que nenhum dos 6 filhos resolvesse tomar o yakult do outro, mesmo porque só tinha um pra cada um!
Nesse caso, nem posso dizer que o raciocínio dela não estava certo, porque se alguém tomasse o yakult alheio e o dono do mesmo descobrisse quem foi, ele realmente estaria correndo o risco de ser morto pelo irmão!
E além disso, os dois yakults diários também poderiam causar um sério problema na casa dos Reis, porque tomar muito daquilo causa uma diarréia violenta ao guloso que, com certeza, seria o dono do trono por um longo período...

Mas o que é engraçado é que existem várias dessas invencionices que as pessoas fazem (sei lá porque razão) para assustar as crianças. Na minha infância tudo quanto existia causava câncer (se bem que hoje não é muito diferente, os pesquisadores e médicos também contam essas histórias, e pior ainda, para assustar os adultos: um dia o café causa câncer, no dia seguinte ele previne. A mesma coisa com a carne vermelha, o chocolate, o celular, e por aí vai...).

Mas vou relembrar aqui algumas das lendas que pessoas que não tinham o que fazer inventavam para colocar pavor nas criancinhas:

Dip'n Lik dá câncer: Quem tem menos de 25 nem deve saber o que é isso. Dip'n Lik era um pirulito que vinha dentro de um saquinho com açúcar e corante. Você chupava e mergulhava o pirulito todo babado naquele açúcar colorido que ficava colado, repetindo o procedimento até o final daquele pó engordativo. Aí um belo dia alguém disse que essa inocente guloseima dava câncer, e um monte de criança ficou morrendo de medo de se ver definhando na doença por causa do pirulito. Que coisa cruel! Quem inventou isso devia ser um fã dos Drops Paquera e entrou no desespero com a perda da popularidade da "paquera" diante dessa inovação dos doces!

Pulseirinha colorida com glitter dá câncer: Essa é ainda pior que o Dip'n Lik. Tá, é tão besta quanto, mas o Dip'n Lik ainda era um alimento, com muito açúcar e corante. Vai que de repente, com muitíssima pesquisa científica, podiam até chegar à conclusão de que se o fulano comesse muito Dip'n Lik, e tivesse nascido em Chernobyl em 1986, e vivesse ali exposto à radiação por 10 anos consecutivos, ele podia ter câncer. Mas essa da pulseira é um absurdo! Essas pulseirinhas eram de plástico colorido transparente com glitter dentro, e usava-se às toneladas, tanto meninos quanto meninas que queriam estar na moda New Wave. Não faz o menor sentido isso, mas diziam que quem usasse aquelas pulseirinhas teria câncer. Mas essa até tem uma explicação lógica: por serem usadas por ambos os sexos, provavelmente quem inventou foi algum pai preocupado com seu filho, que vivia usando pulseiras coloridas com glitter, camiseta modelo "mamãe quero ser gay" e tinha o sonho de ser um Menudo. É, se foi esse o caso (um filho treinando para ser um Menudo) até que é uma desculpa bem plausível pra esse pai ter inventado a lenda da pulseirinha: ele queria livrar seu filho das drogas.

Tatuagem transfix brilhante dá câncer: Mais uma coisa que dava câncer (e considerando-se também a lenda anterior descobrimos que o glitter é a substância mais cancerígena que existe!). Eram aquelas tatuagens brilhantes, vendidas em bancas de jornais ou que vinham no chiclete, para serem grudadas na pele. Porém a invenção dessa lenda provavelmente se deve a algum outro pai preocupado com o seu filho, com medo desse começar desde cedo a curtir tatuagem e logo mais acabar virando um punk revoltado com aspecto de gibi ambulante.

Xuxa e Balão Mágico têm pacto com o demônio: Quem nunca ouviu essa? Que se pegássemos os LPs da Xuxa ou do Balão Mágico (e Michael Jackson também) e girássemos ao contrário ouviríamos frases com a voz do demo. Quem inventou essa tentando assustar as crianças para ficarem com medo se deu mal, porque pelo que me lembro causou um efeito oposto: todas as crianças queriam comprar os LPs só para girarem ao contrário e ouvirem a voz do demônio, que na verdade era a própria música em rotação lenta cantada de trás para a frente. Ouvir o disco ao contrário não dava câncer, mas podia te mandar direto para o inferno! Pior ainda, acabou provocando um efeito colateral bastante desagradável: centenas de vitrolas quebradas...

Entrar na água depois de comer dá congestão: Essa talvez nem tenha sido criada por má-fé pra botar medo nas crianças, mas com certeza foi algum desinformado que inventou. Tá certo que fazer exercício depois de comer não é lá muito bom, pois pode provocar mesmo uma congestão, mas a situação crítica era com piscina e a água. Escalar o muro do vizinho, correr que nem um louco num pega-pega ou subir um morro de bicicleta eram tão ou mais perigosos que ficar nadando na piscina, mas isso podia fazer sem problemas (vai entender...). Lembro que quase todo mundo tinha aquelas piscinas Regan de lona que eram a sensação das férias de verão da criançada.
Imagina a judiação: depois de almoçar, aquele calor infernal e as mães dizendo que tinha que esperar 3 horas para entrar na piscina de novo (nossa, e que digestão lenta é essa? 3 horas dava pra digerir um boi inteiro!).
A criançada agonizando num sol de rachar, plantadas na frente do relógio contando os minutos para acabarem as malditas 3 horas (e não sei se é impressão minha, mas quando eu era criança 3 horas parecia uma eternidade, não passava nunca!).
Por conta desse rumor as crianças voltavam raquíticas das férias, por terem passado 2 meses inteiros sem comer só pra poderem ficar na piscina o dia todo.

Existem muitos outros exemplos: aqueles grãozinhos que estouravam na boca, se provados junto com coca-cola, explodiam o estômago (eram feitos de que, de césio?), fanta uva também dava câncer, entre tantas outras maluquices.

Um monte de baboseiras para colocar medo nas pobres criancinhas. Mas é por isso que eu digo que, apesar de todos esses "perigos da infância", a gente é forte pra burro.
Afinal de contas, sobrevivemos!!!

Música do dia: Não se reprima (Menudo)

8 comentários:

Augusto Araújo disse...

ha ha ha

fui numa festa de criança (1 aninho) esses dias e o forte da música, pelo menos pra mim, era Balao Mágico e Trem da Alegria

Adorei lógico.

Eu (e toda galera do bairro) queria namorar a Simony (na época).
Eu considerei a Xuxa uma ladra de programa. Pra piorar meu pai ainda a chamava de puta do Pelé, kkk

Tocaram Periguete tb, a gurizada adora

Mas como festa de 1 ano de idade geralmente eh festa para familiares e amigos dos pais, entao conclui q estou ficando velho mesmo

Sayuri disse...

Eu tenho menos de 25 anos e conheci Dip'n Lik!!!! E adoraaaava!

Milene Reis disse...

Augusto
Pois é, foi-se o tempo em que música infantil era música pra criança mesmo... Tirando os desenhos do Discovery Kids e da Cultura que são educativos e feito pra crianças mesmo, temos que tampar os ouvidos das criancinhas que ouvem como música infantil atualmente a Dança do créu, aff...

Milene Reis disse...

Sayuri
Nossa, então me equivoquei, porque não me lembro ainda existir Dip'n Lik lá pelo final dos anos 80... Mas que bom que chegou a conhecer, era gostosinho mesmo! Pena que causava câncer... rsrsrs
Bjos

Anônimo disse...

Beeem q eu sabiia!

Algueem Pensa como Eu q Legal!

;D'

Anônimo disse...

tipow

sem querer ser aqueles xatões, tu é bem criativa

;)

parabens

Milene Reis disse...

Anonimo
Muito obrigada pelo elogio!
Apareca sempre!!! :)
Beijinho

Unknown disse...

Adorei o blog!!