3 de junho de 2008

The Bird and Sebastian

Ontem passei o dia na rua, então nem tive tempo de postar nada por aqui. Mas enquanto estava parada no meio do trânsito infernal de Sampa tive a idéia de escrever um pouco sobre música, já que meu carro não tem rádio e meu único companheiro de congestionamento é meu MP3 Player (Graças a Deus, diga-se de passagem, porque aí eu não preciso ouvir as músicas toscas que as rádios tocam atualmente).
Quem me conhece sabe que eu curto um rock and roll das antigas. Algumas das bandas que estão rolando atualmente no meu MP3 Player (e que recomendo para quem curte música boa):

- The Beatles
- The Mamas and the Papas
- The Beach Boys
- The Turtles
- The Bird and The Bee
- Belle e Sebastian

Todas essas (exceto as duas últimas) são da década de 60 e acredito que quase todo mundo conheça alguma coisa.
Na pior das hipóteses, quando o fulano diz que conhece Beatles, e começa cantando "Imédim dérs nou révãn", e eu tenha vontade de estrangulá-lo (mesmo porque essa música é do John Lennon solo), pelo menos quer dizer que ele sabe que o John foi um beatle.
Mas quero mesmo falar hoje a respeito das duas últimas bandas, que foram belas surpresas que eu tive quando conheci, além de comentar também sobre o mau gosto e a falta de senso crítico do povo brasileiro!

Um amigo meu me apresentou o The Bird and the Bee, que é uma dupla californiana formada em 2006 (música boa atual, que milagre!!!) por uma cantora, Inara George (o pássaro) e um multi-instrumentista, George Kurstin (a abelha). É um som pop eletrônico com influência da bossa nova e tropicália, e as músicas, além de perfeitamente interpretadas com a voz suave de Inara e a variabilidade instrumental combinada em arranjos maneiríssimos do George, são deliciosas e têm aquele arzinho retrô dos anos 60.

A outra banda, Belle e Sebastian, foi uma indicação do meu irmão. É um septeto escocês formado no final dos anos 90 que toca um som pop, com influências de soul e funk (aliás, ninguém me tira da cabeça que a música deles Song for Sunshine foi influenciada pelo Tim Maia Racional, com uma percussão bem abrasileirada). Um som ótimo, com letras bem legais, muito melódico e bem interpretado, além de acordes vocais lindos!

Quando ouvi essas bandas fiquei bastante surpresa, porque fazia tempo que uma banda moderna não me surpreendia tanto em qualidade musical, e lógico, acabei viciando...

Mas ao mesmo tempo me deu uma dorzinha no coração, porque quando perguntava pra alguém se conhecia uma das duas, ninguém nunca tinha ouvido falar, porque o que é bom nunca faz sucesso por aqui, e se você não acaba descobrindo por indicação de alguém ou por curiosidade musical na internet corre o risco de nunca chegar a conhecer.

Aí um belo dia estava falando com um outro amigo no msn e qual foi a minha surpresa ao ver que ele estava ouvindo The Bird and The Bee! Fui bater um papo musical com ele e comecei a falar do talento da dupla e de suas músicas, quando de repente ele diz: "Ah, nem sei quem é, só baixei essa música porque ouvi na novela das 8".

Que decepção! Porque depois desse comentário notei como funciona o gosto do brasileiro pela música: é só tocar na novela, ou no Faustão ou em qualquer outro lixo da TV que as pessoas se interessam em ouvir. No caso do The Bird and The Bee foi uma exceção à regra, já que na grande maioria dos casos as músicas divulgadas nesses programas populares de TV são "coisas" (nem tenho coragem de chamar isso de música) como Tati Quebra Barraco, Bonde do Calypso e a Dança do Créu, ou seja, pura tortura! (e a Constituição ainda diz que é crime inafiançável e insuscetível de anistia, que piada!).

E o que é ainda pior: O gosto musical da pessoa é inversamente proporcional à aparelhagem de som que ela tem no carro. Vi isso ontem no trânsito: eu, sem som no carro, ouvindo no fonezinho do MP3 player montes de músicas lindas e bem feitas, e do meu lado uma pick-up com adesivo "Já domei o boi, agora só falta a potranca", ouvindo uma música sertaneja breguérrima e horrorosa com letra baixo nível num volume altíssimo que até tremia o carro.

Se ainda tiver alguma dúvida em relação à minha tese, é só dar um pulo na Praia Grande num feriado prolongado para comprovar o que os carros com o porta-malas aberto estão tocando... Ou alguém já viu algum desses carros ultra-equipados tocando Bohemian Rhapsody ou Money for Nothing? E além disso ninguém vai preso pelo tal crime inafiançável ao qual fomos submetidos sem dó nem piedade...

Como cantora, filha de maestro e tendo a família inteira de músicos, tenho vontade de sentar e chorar por ver que no Brasil de hoje raramente quem tem talento faz sucesso (foi-se o tempo em que apenas os talentosos se destacavam, agora quem mais apela é que vai pra mídia e vira mania nacional). A única coisa que me consola é que, apesar de tudo, de vez em quando posso ouvir como a música do momento algo realmente bom, como o exemplo que dei da música "How deep is your love" da trilha sonora da novela interpretada pelo The Bird and The Bee.

E mesmo assim essa galera boboca maria-vai-com-as-outras vai continuar sem ter idéia de quem são os Bee Gees...


Músicas do dia: Selecionei duas de cada banda, mas recomendo ouvirem todas!
The Bird and The Bee - Again and Again e The birds and the bees (o instrumental dessa é fantástico, e deixo a dica: ouça com fone de ouvido, é a maior viagem!)
Belle e Sebastian - If she wants me e Song for Sunshine (duas músicas deliciosas em estilos totalmente diferentes)

2 comentários:

Sayuri disse...

Imagine there's no heaven... Não era do Paulo Ricardo?shauehuihauiheiuhsae
ZUERAAA *-*

Sou viciadaaaça em Beatles e nada melhor que (boa) música para nos acalmar na tensão que é o trânsito. Fora que sempre aparece um cara idiota de cabelo arrepiado e blusa da Onbongo mascando chiclete num Gol 88 e um uma música horrível no último volume tocada num estereo mais horrível ainda. E ainda se acha no direito de nos mandar uma piscadinha daquelas bem bregas.


Adooorei o post *-*

Milene Reis disse...

Sayuri
Eu também sou super fã, e não é à toa que os caras, mesmo após quase 40 anos do término da banda vendem milhares de cds e são ídolos de muita gente que nem chegou a vê-los quando ainda existiam como banda, como é o nosso caso.
E a piscadinha desse exemplo que você deu é a pior de todas, chega a dar náusea... rsrsrs
Obrigada!!!